Origem histórica da OM - A Fortaleza de Itapiru
A Fortaleza de Itapiru localizava-se na margem direita do rio Paraná, próximo à sua confluência com o rio Paraguai, no atual Departamento de Ñeembucú, no Paraguai e a leste da ilha do Cerrito, ponto onde desemboca o riacho Paranamí.
O local forma uma ilha desde 1983, devido a uma grande inudação que alterou a sua geografia, levando a que o riacho Yacaré (um desprendimento do rio Paraná) passasse a desembocar no rio Paraguai. É sede desde 1971, da Base Naval Itapirú da Armada Paraguaia e ainda conserva os restos de uma antiga muralha.
A Guerra da Tríplice Aliança
No contexto da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), Itapiru controlava o acesso à província argentina de Corrientes, que lhe era fronteira, na margem esquerda do rio Paraná. Em novembro de 1865 Francisco Solano López restaurou a artilharia da fortaleza, instalando-lhe seis peças.
"Itapirú es un punto de roca que sale a amenazar la corriente del Paraná. Las ondas del río lamen sus costas por el sud donde está el canal principal, y por el este que es el canal privado y exclusivo del Paso de la Patria y donde forma una gran ensenada. Dos flancos pues presenta para el ataque de donde pueden cruzarse los fuegos y disputar la desocupación del punto. La escuadra en todo el tiempo de su permanencia, no se ha atrevido a asomarse al canal privado de que manifiesta un miedo cerval, y solo se ha contentado en atacar Itapirú por el frente sud, donde el respaldo de una colina preserva la infantería de los tiros del enemigo, cuyas balas o se hunden en las arenas de la colina, o van a visitar los pantanos y las lagunas del centro, haciendo por consiguiente inútil y sin ningún resultado el bombardeo que están efectuando."
Natalicio Talavera, 7 de abril de 1866, no periódico paraguaio El Semanario.
Antecedentes
Em 1846 o governo de Carlos Antonio López erigiu uma bateria em Itapirú, no local onde o seu antecessor, José Gaspar Rodríguez de Francia havia feito construir uma muralha defensiva, e destacou um piquete de dez soldados para a ilha do Cerrito. Entretanto, uma grande cheia do rio Paraná em 1848 destruiu essa bateria e a ilha foi evacuada.
- A 20 de março de 1866 o encouraçado "Tamandaré" da Marinha Imperial foi enviado em missão de reconhecimento das águas do rio Paraná até à altura de Itati, juntamente com o encouraçado "Bahia" e o barco "Cisne". Entre os seus passageiros, seguiam a bordo o almirante Tamandaré e o presidente da Argentina, Bartolomé Mitre. Ao passar diante das defesas de Itapiru foram bombardeados, sem sucesso.
- A 22 de março realizou-se um ataque da esquadra brasileira contra uma chata paraguaia artilhada na ilha de Carayá.
- A 27 de março, a artilharia de uma chata paraguaia, a navegar nas imediações de Itapiru, atingiu o encouraçado "Tamandaré", causando-lhe 37 baixas.
Quando da contra-ofensiva aliada a partir de abril de 1866, a Fortaleza de Itapiru, foi o primeiro obstáculo a ser vencido pelas forças do 1º Corpo de Exército Brasileiro comandadas pelo Marechal-de-Campo Manuel Luís Osório (1808-1879). No assalto à fortaleza (5 de abril) destacaram-se-se os batalhões comandados pelo Coronel João Carlos Villagran Cabrita (1807-1866), e o do então Major Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892), futuro presidente da República brasileira.
Na noite de 5 para 6 de abril, protegidos pela neblina, deu-se o desembarque aliado em uma ilha vizinha a Itapiru, denominada Ilha da Redenção, Ilha Cabrita ou Ilha de Carvalho pelos brasileiros, e Ilha Purutué (em guarani: galo barulhento) pelos paraguaios, numa referência aos ruídos produzidos por estas aves naquela ilha. A partir da ocupação da Ilha da redenção, iniciou-se um intenso bombardeio à Fortaleza de Itapiru, por oito peças de artilharia brasileira.
O chamado Combate del Banco Purutué (ou Combate da Ilha da Redenção) teve lugar no dia 10 de abril, quando as tropas paraguaias tentaram desalojar as brasileiras de sua posição, enviando contra eles 29 canoas com um efetivo de 1.260 homens sob o comando do tenente-coronel José Eduvigis Diaz. Foram entretanto rechaçados com grandes perdas e retiraram-se sob o fogo da esquadra brasileira, que por sua vez se viu forçada a se retirar diante do fogo da fortaleza de Itapiru. Os tiros disparados contra o vapor Fidelis foram a causa mortis do coronel Villagran Cabrita. No decorrer da mesma ação, foi inutilizado ainda o vapor brasileiro Enrique Martins.
Combate do banco de Itapiru ou ilha da Redenção (10 Abr 1866)
As tropas que, sob o comando do Tenente-Coronel Villagran Cabrita, ocupavam a ilha desde a noite de 5 de abril, compunham-se do 7º Batalhão de Voluntários da Pátria, de São Paulo (depois 35º de Voluntários), do 14º Batalhão Provisório de Linha (Guardas Nacionais do Município Neutro), de cem praças do Batalhão de Engenheiros e de um contingente do 1º Batalhão de Artilharia, com quatro peças e quatro morteiros, formando o total de pouco mais de 900 homens.
Na madrugada deste dia, foi assaltada a ilha por 1.266 paraguaios, em duas expedições (3º e 9º batalhões, e um destacamento de cavalaria a pé), ao mando de Leonardo Riveros. O General Diaz, que deveria embarcar com as seguintes expedições, não pode partir, porque as canhoneiras Henrique Martins e Greenhalg, metendo-se entre a ilha e o Forte de Itapiru, começaram a destruir as canoas, impedindo a passagem.
Após renhido combate, foram repelidos os assaltantes, com perda de 900 homens, entre mortos e prisioneiros, na ilha ou no canal, durante a fuga. Apenas uns 300 homens, pela maior parte feridos, puderam tornar ao acampamento de López.
Terminado o combate, o comandante Villagran Cabrita foi morto por uma granada lançada de Itapiru, no momento em que ia assinar a parte oficial da vitória que alcançara. A nossa perda foi de 155 mortos e feridos.
A Invasão do Paraguai (15 Abr 1866)
A Proclamação do General Osório para o 1º Corpo de Exército Brasileiro, acampado na margem esquerda do Passo da Pátria dizia: “Soldados, é fácil a missão de comandar homens livres: basta mostrar-lhes o caminho do dever. O nosso caminho está ali em frente!” À noite começam a embarcar as primeiras tropas, todas brasileiras, destinadas à operação da passagem do Paraguai.
Pela manhã do dia 16 de abril, a esquadra brasileira, sob o comando do almirante Tamandaré, aproximou-se da margem direita do Paraná, nas vizinhanças de Itapiru e Passo da Pátria, e começou o bombardeamento das posições ocupadas pelo Exército de López.
Às 8h30, partiram os transportes que levavam o general Osório e os primeiros 10 mil homens (todos brasileiros, divisões dos generais Argolo e Sampaio), destinados a conquistar para os exércitos aliados lugar seguro de desembarque no território inimigo. O general Osório foi o primeiro a saltar em terra, acompanhado apenas de alguns homens, na margem esquerda do Paraguai, meia légua (cerca de 3,3 km) acima da ponta da confluência.
Pouco depois, travou-se combate entre as primeiras companhias que desembarcaram, do 2º de Voluntários (Rio de Janeiro), ao mando do major Deodoro da Fonseca, e a coluna paraguaia dos comandantes Hermosa e Venegas. Outras forças foram chegando e, reunidas as que levavam de vencida os contrários, adiantaram a perseguição até laguna Sirena, em cuja margem meridional Osório fez alto às 14h. Só à noite começaram a desembarcar os nossos aliados.
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